Metade da população entrevistada pratica atividades físicas como autocuidado. Supera desafios internos, fortalece bem-estar mental contra degradações laborais. Importância da saúde mental: terapia psicológica, boa qualidade de vida. Ignora-se percepção equivocada sobre autocuidado e força mental em cultura patriarcal. Fortaleça saúde mental para enfrentar dilemas internos.
Apenas 14% dos advogados no Brasil buscam terapia e atendimento psicológico. Isso foi uma das descobertas do estudo PerfilADV – 1º Estudo sobre o Perfil Demográfico da Advocacia Brasileira, pesquisa pioneira da OAB Nacional em parceria com a FGV. Segundo a pesquisa, mais da metade recorre a atividades físicas como forma de autocuidado. Além disso, o estudo revela que 70% dos advogados afirmaram sofrer com sintomas de ansiedade e estresse relacionados ao trabalho.
Esses dados demonstram a importância do bem-estar mental dos profissionais de direito. É fundamental que os advogados brasileiros reconheçam a importância do cuidado com a saúde mental e busquem por apoio psicológico quando necessário. A saúde mental no ambiente jurídico é um tema relevante e deve ser priorizado para garantir o bom desempenho profissional dos advogados no país.
Desafios dos Advogados Brasileiros na Busca pelo Bem-Estar
O levantamento consultou aproximadamente 20.885 profissionais inscritos no CNA – Cadastro Nacional dos Advogados e constatou que a maioria dos advogados adota a prática de atividades físicas para preservar a saúde e a qualidade de vida. No entanto, a terapia ainda é pouco mencionada nesse meio. Cerca de metade da população entrevistada está envolvida em esportes ou atividades físicas, totalizando 52%, enquanto apenas 14% buscam suporte terapêutico.
Na Constituição Federal, o trabalho é reconhecido como um direito social fundamental, relacionado diretamente à boa qualidade de vida dos trabalhadores e à proteção contra degradações laborais. A profissão de advogado, segundo Fátima Antunes, mestre em psicologia social e autora do livro ‘Estresse em Advogados’, é uma das mais estressantes do país. Ela ressalta que o alto nível de estresse está presente desde o início da carreira, uma vez que os clientes geralmente buscam ajuda legal após esgotarem outras possibilidades de resolução, demandando uma atuação que envolve questões emocionais tanto do profissional quanto das partes envolvidas.
A pesquisa sobre o perfil da advocacia brasileira revela diferenças significativas de gênero quanto à busca por terapia. Enquanto 20% das aproximadamente 10 mil advogadas entrevistadas participam de sessões terapêuticas para cuidar da saúde mental, apenas 8% dos 10 mil advogados consultados buscam esse tipo de suporte psicológico. Fátima destaca que a resistência dos homens em procurar ajuda terapêutica pode ser atribuída à cultura patriarcal que minimiza a importância da saúde mental, muitas vezes rotulando-a como algo dispensável.
A percepção equivocada de que ‘terapia é para pessoas fracas’ dificulta a adesão dos advogados a esse tipo de cuidado. A terapia, na verdade, é recomendada para indivíduos fortes, dispostos a confrontar seus dilemas internos. No entanto, a habilidade dos advogados em articular argumentos pode influenciar negativamente o processo terapêutico, levando muitos a tentar resolver seus próprios problemas durante as sessões.
A Importância do Autocuidado e da Saúde Mental para os Advogados
A cultura patriarcal e as pressões profissionais enfrentadas pelos advogados brasileiros contribuem para a necessidade de atenção à saúde mental e ao bem-estar dos profissionais do direito. A realização de atividades físicas, a busca por terapia e o autocuidado são elementos essenciais para uma boa qualidade de vida dentro de uma profissão tão desafiadora.
Para aqueles que atuam na advocacia, lidar com dilemas internos, confrontar exigências do trabalho e equilibrar as responsabilidades pessoais pode ser um verdadeiro teste de resistência. Portanto, reconhecer a importância de cuidar da saúde mental não é um sinal de fraqueza, mas sim de força e coragem para enfrentar os desafios diários.
Investir no autocuidado e na saúde mental fortalece os advogados para lidar com as degradações laborais, o estresse constante e os obstáculos que possam surgir ao longo de suas carreiras. É fundamental que a classe jurídica entenda que buscar ajuda profissional e adotar práticas saudáveis não é apenas uma opção, mas uma necessidade para garantir a sustentabilidade e o equilíbrio emocional nesse ambiente tão competitivo e exigente.
Fonte: © Migalhas
Comentários sobre este artigo