Colonização do Brasil influenciou línguas dos povos indígenas. Proteção e ensino são essenciais para preservar idiomas originários. Cerca de 1 mil línguas foram ‘perdidas’.
Corrupião, abacaxi, pipoca, ‘Tiquinho’, jiboia e mandioca são termos que também têm origem nas línguas indígenas e enriquecem o vocabulário do português brasileiro. Segundo João Carlos Figueiredo, pesquisador e docente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), essa interação linguística remonta aos primórdios da história do país.
A diversidade linguística do Brasil reflete a riqueza cultural e histórica do país, evidenciando a importância de preservar e valorizar esses termos que carregam consigo a identidade de diferentes povos. A pesquisa de Ana Suelly Arruda Câmara Cabral destaca a relevância de estudar e compreender a influência dos <a href="https://jornaln1.com/trabalho-de-bruno-pereira-evidencia-a-relevancia-dos-povos-indigenas-na-agencia-brasil/"termos indígenas no português falado no Brasil.
Preservação das Palavras e das Culturas dos Povos Indígenas
Em 1993, o renomado linguista Aryon Dall’Igna Rodrigues fez uma estimativa surpreendente: cerca de 1,2 mil línguas diferentes eram faladas no Brasil no ano de 1500. Esse número impressionante reflete a diversidade linguística que existia antes da colonização do Brasil. Atualmente, de acordo com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o país abriga em média 250 línguas em uso, um declínio significativo em relação ao passado.
A importância de preservar as línguas dos povos originários não pode ser subestimada. Os pesquisadores Joaquim Maná, Wary Kamaiura Sabino e Iram Kavsona Gavião, todos falantes de línguas indígenas, destacam a necessidade urgente de iniciativas de proteção e ensino para garantir a sobrevivência dessas línguas únicas e ricas em história.
Palavras como ‘Saruê’, ‘caju’, ‘cajá’, ‘Nhenhenhe’, ‘cuia’ e ‘capivara’ são exemplos vívidos da influência das línguas dos povos originários na língua portuguesa. A linguista Ana Suelly Arruda Câmara Cabral, especialista em línguas indígenas, ressalta que essa influência remonta aos tempos da colonização do Brasil, quando os colonizadores europeus tiveram que aprender as línguas locais para se comunicar com os povos indígenas, que eram a maioria.
Da língua originária à língua portuguesa, a jornada das palavras reflete a interação entre diferentes culturas e a riqueza da diversidade linguística no Brasil. É fundamental reconhecer e valorizar essa herança linguística para garantir a preservação das identidades e tradições dos povos indígenas.
Os desafios atuais incluem a proteção das línguas indígenas em um contexto de crescente globalização e mudanças sociais. Joaquim Maná, Wary Kamaiura Sabino e Iram Kavsona Gavião enfatizam a importância de envolver toda a comunidade na preservação das línguas, especialmente as gerações mais jovens, que muitas vezes enfrentam pressões para se assimilar à cultura dominante.
A luta pela proteção das línguas indígenas não é apenas uma questão linguística, mas também um ato de resistência e afirmação da identidade cultural dos povos originários. É essencial garantir que os direitos dos povos indígenas sejam respeitados e que suas línguas sejam preservadas como parte integrante de sua herança ancestral.
Fonte: © G1 – Globo Mundo
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