Sobrecarga do sistema de saúde preocupa especialistas devido ao aumento de casos suspeitos durante o período de carnaval e altas temperaturas. Diagnosticar corretamente e não se automedicar é essencial.
Há um aumento significativo de internações por covid e dengue nos últimos dias em hospitais privados de SP, com a maioria enfrentando esse desafio atualmente.
Essa situação reflete a realidade das instituições hospitalares particulares de São Paulo, que estão sobrecarregadas com o aumento de casos de doenças virais, mostrando a importância dos estabelecimentos de saúde privados de São Paulo na atual conjuntura de saúde pública.
Hospitais Privados de SP Registram Aumento nos Atendimentos de Suspeita de Doenças
Oito em cada dez (82%) hospitais privados de SP também registram aumento nos atendimentos de pacientes com suspeita das doenças no pronto atendimento. Os dados são de pesquisa do Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp), que ouviu 92 instituições hospitalares particulares de São Paulo entre 29 de fevereiro e 10 de março.
Do total, 64% eram da capital e 36% do interior. Provavelmente, o resultado pode ter influência do período de carnaval, que permitiu grandes aglomerações, e também das altas temperaturas do verão, que facilitam a propagação do mosquito da dengue em água parada, entende Francisco Balestrin, presidente do SindHosp, em comunicado. Especialistas ouvidos pelo Estadão, que não estiveram envolvidos no levantamento, destacam também a circulação do vírus influenza, que causa a gripe, antes do previsto, o que eleva a preocupação com o cenário atual.
Incidência de Doenças em Hospitais Privados de SP
O principal temor é referente à sobrecarga do sistema de saúde, tanto público quanto privado, que coloca em cheque a capacidade de manejar pacientes de forma adequada e célere. Os médicos alertam ainda para os riscos da automedicação e reforçam a necessidade do diagnóstico correto, em um momento em que os sintomas das doenças podem ser confundidos. Na maioria dos hospitais particulares de São Paulo, o porcentual de aumento nas internações em leitos de enfermaria vai até 20% para dengue, e até 10% para covid.
Segunda a pesquisa, 41% das unidades hospitalares viram aumentos de até 10% de pacientes com dengue em terapia intensiva (UTI). Para pacientes com covid, 44% dos hospitais perceberam uma expansão de até 10% das hospitalizações em UTI. Cerca de 66% dos hospitais registraram um avanço de 11% até 50% no número de pacientes que testaram positivo para dengue nos últimos 15 dias. Sete em cada dez (71%) relataram aumento de até 20% nos diagnósticos positivos para a covid.
Atendimento a Pacientes Suspeitos em Hospitais Privados de SP
Em relação ao levantamento anterior, feito entre 29 de janeiro a 7 de fevereiro, o que chama a atenção é o incremento nos casos suspeitos de covid e internações pela doença. Há um mês, 48% dos hospitais relatavam avanço nos atendimentos de suspeita tanto de dengue quanto de covid, enquanto 41% viam apenas uma expansão da primeira infeção. Oito em cada dez (80%) apontavam para o crescimento de hospitalizações por dengue, sem que nem um apontasse o mesmo para covid.
O Estadão questionou as secretaria de saúde do Estado (SES-SP) e a da capital (SMS) em relação ao cenário da rede pública. Perguntamos se observavam aumento nas internações devido a ambas doenças, além da situação dos leitos de enfermaria e UTIs. A SMS informou não observar aumento nas internações por covid-19. Na terça-feira, 12, 213 pacientes estavam internados com dengue em hospitais municipais.
Situação Atual dos Hospitais Privados de SP
‘As unidades de saúde municipais estão preparadas para prestar atendimento a casos suspeitos ou confirmados de ambas as doenças, inclusive com testagem, de acordo com a avaliação clínica’, assegurou, em nota. A capital acumula 35.417 casos confirmados de dengue e oito mortes. Os dados são do último boletim epidemiológico da Prefeitura, publicado na segunda, 11. As informações sobre casos vão até o dia 2 de março e o de óbitos, até o dia 11.
As informações seguem atualizadas até hoje, com mais de 195,8 mil casos confirmados de dengue e 60 mortes. Outros 154 óbitos são investigados. O número de pacientes com caso grave ou sinais de alarme é de 2.536. Os dados vão até terça, 12. Os boletins epidemiológicos diários do Estado só apresentam o acumulado de casos e mortes da covid desde 2020, o que dificulta a análise de quantos são referentes a 2024.
Riscos no Atendimento em Hospitais Privados de SP
São três doenças (dengue, covid e gripe) acontecendo ao mesmo tempo, afirma Rosana Richtmann, infectologista do Hospital Emílio Ribas e da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). A fala da médica paulista dá o tom do que já tem sido dito pelo próprio Ministério da Saúde, que se preocupa com a cocirculação dos vírus.
Devido às proporções inéditas da atual epidemia, a dengue tem, de fato, chamado mais atenção. A transmissão começou antes do habitual e o País ultrapassou 1,5 milhão de casos prováveis, pouco menos que o total de todo ano passado, sem que se saiba ao certo quando e como será o pico da doença – que tradicionalmente ocorre entre abril e maio. Autoridades e especialistas atribuem o comportamento atípico, que já começou a ser visto em 2023, às mudanças climáticas e ao El Niño, que proporcionam a persistência das temperaturas elevadas e um padrão irregular de pluviosidade, um cenário ideal para mais transmissão da doença e reprodução do vetor, o mosquito Aedes Aegypti.
Além disso, após muitos anos, o País tem a circulação dos quatro sorotipos da dengue. No plano de fundo, a covid-19 seguiu em alta, conforme lembra o cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador da Rede Análise Covid-19 e doutorando em Epidemiologia da Universidade de São Paulo (USP).
De acordo com dados do Ministério da Saúde, que vão até 2 de março, foram notificados 381.446 casos e 1.789 óbitos por covid-19. Schrarstzhaupt fala que os dados mostram uma onda que começou no final de agosto passado e diminuiu no período de festas e férias. A queda, porém, pode significar subnotificação. As pessoas saem de férias, não testam.
Depois, logo no comecinho do ano, as semanas começam a mostrar cada vez mais casos. Embora essa seja uma hipótese, as notificações voltaram a subir em janeiro, formando outra onda.
Impacto das Doenças em Hospitais Privados de SP
Um dos grandes temores dos especialistas é a pressão no sistema de saúde. Eles destacam que uma das principais medidas necessárias no momento é avaliar se a infraestrutura é adequada e se há equipe suficiente para atender os pacientes. ‘A hora que você junta a cocirculação de três agentes diferentes, fora o resto da rotina, ninguém deixou de ter infarto, por exemplo, há uma sobrecarga importante, tanto no setor público quanto no privado’, fala Rosana.
Os especialistas frisam a importância de avanço na cobertura vacinal das crianças e no reforço para os adultos, em especial aos grupos prioritários, como idosos e imunossuprimidos, de preferência com as vacinas atualizadas.
A circulação do três vírus ao mesmo tempo também eleva uma preocupação com a confusão dos sintomas. No início, as três doenças (dengue, gripe e covid) podem ser inespecíficas, com manifestações comuns, como febre e dor no corpo. A principal diferença é que a dengue não apresenta sintomas respiratórios.
Encontrou algum erro? Entre em contatoCompartilhe: Tudo Sobre dengue coronavírus hospitalComentários Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão. Já sou Assinante
Fonte: @ Estadão
Comentários sobre este artigo