Saldo do Dia: Ata do Comitê Federal indica manutenção das taxas, mercado reage com fuga de ativos, desinvestimento em ações e valorização do dólar.
Mais um desafio nesta jornada chamada mercado de ações do Brasil. Os juros agora estão em evidência, trazendo incertezas aos investidores.
O aumento dos juros pode impactar diretamente as taxas de retorno dos investimentos. É preciso estar atento às movimentações do mercado para tomar decisões assertivas em meio a essa turbulência.
Juros em destaque na ata da última reunião do Comitê Federal
A ata mais recente da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) dos Estados Unidos reforçou a ideia de que a inflação persistente ainda está forte, o que pode adiar qualquer corte de juros no curto prazo. Os pontos de discussão do FOMC indicam que as taxas permanecerão elevadas por um período prolongado e até mesmo poderão subir.
Com essa perspectiva, tanto os juros quanto o dólar tiveram um aumento significativo, levando as bolsas a uma queda acentuada. O índice acionário principal da bolsa brasileira, o Ibovespa, registrou perdas de 1,38% no dia, saindo dos 127 mil pontos e encerrando em 125.650 pontos. No acumulado de 2024, o índice já apresenta uma queda de 6,36%.
Após um período de três pregões consecutivos em baixa, o índice finalmente reverteu a tendência, mas ainda assim continuou em queda no mês de maio, recuando 0,22%. O mercado de ações brasileiro seguiu o movimento das bolsas de Nova York, que também apresentaram retração devido ao cenário de juros mais elevados.
Apesar de um dos indicadores de inflação, o CPI, ter superado as expectativas, os membros do Federal Reserve ainda enxergam um índice de preços distante da meta de 2% ao ano. A expectativa de que os juros permaneçam altos por mais tempo do que o esperado já era considerada pelo mercado, mas ainda havia uma parcela que resistia a acreditar em uma possível retomada do movimento de alta.
Um ponto crucial destacado nesta ata é a disposição de vários dirigentes em apoiar um novo aumento de juros, caso os dados apontem essa necessidade. Helena Veronese, economista-chefe da B.Side Investimentos, ressalta a importância desse aspecto e aponta que a probabilidade de um corte de 0,25 ponto até o final do ano voltou a ser a mais provável após a divulgação do documento.
Antes da ata, o mercado trabalhava com a expectativa de um corte total de meio ponto em 2024, com o primeiro possivelmente ocorrendo em setembro. A ata, que reflete as preocupações de uma reunião realizada há três semanas, reforça as declarações recentes dos dirigentes do Fed, indicando que a redução das taxas ainda está distante.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, destaca que os participantes do Fed estão dispostos a manter o nível atual de aperto por mais tempo, caso não haja avanços em direção à meta, mas também consideram flexibilizar em caso de enfraquecimento inesperado nas condições do mercado de trabalho.
Além da venda em massa de ativos de risco, que provocou a queda no mercado de ações, a notícia também impulsionou o volume de negociações na bolsa brasileira. Nesta quarta-feira, o volume de negócios superou a média, atingindo R$ 20,9 bilhões, em comparação com a média diária de R$ 17,5 bilhões dos últimos 12 meses.
Os juros dispararam diante da perspectiva de taxas mais altas, com os prêmios acompanhando as taxas do Tesouro dos Estados Unidos. A incerteza em relação ao futuro das taxas de juros continua a impactar os mercados financeiros, mantendo os investidores atentos às próximas decisões do Federal Reserve.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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