Saldo do Dia: A bolsa perdeu o acumulado do ano em agosto, pressionada por ações de commodities e um desempenho ruim do setor.
O Ibovespa se distanciou ainda mais de sua máxima histórica, atingida há menos de uma semana. Na terça-feira (03), o Ibovespa registrou a quarta queda consecutiva. Desde então, as perdas acumuladas já ultrapassam 3 mil pontos. O desempenho negativo do setor de commodities impactou grandes nomes do mercado, como Petrobras e Vale, que puxaram o índice para baixo, afetando a carteira teórica. Essa situação evidencia a fragilidade do índice diante das oscilações do setor. A volatilidade continua a ser um desafio para os investidores.
Desempenho do Ibovespa e Impactos do PIB
O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que superou as expectativas, teve um impacto positivo em empresas do mercado local, especialmente bancos e varejistas. Contudo, a instabilidade externa não contribuiu para a demanda por ativos de risco. Nesse cenário, o Ibovespa registrou uma queda de 0,41%, alcançando 134.353 pontos. Ao longo do ano, o índice praticamente eliminou os ganhos que havia acumulado em agosto. O volume financeiro negociado foi de R$ 16,7 bilhões, alinhando-se com a média diária de R$ 16,6 bilhões observada nos últimos 12 meses.
Influências Externas e o Apetite dos Investidores
Dados desfavoráveis da indústria americana geraram um clima de pessimismo, renovando o receio de uma possível recessão. A expectativa de uma economia global estagnada ou em contração afeta setores que impulsionam a indústria, como a comercialização de commodities. O minério de ferro, por exemplo, continuou sua trajetória de queda, refletindo informações desanimadoras do setor industrial e do mercado imobiliário da China. Além da Vale, outras empresas de mineração e siderurgia também enfrentaram dificuldades.
Impactos no Setor de Petróleo e PIB Brasileiro
No setor de petróleo, a diminuição da demanda da China, somada a rumores de que os membros da Opep poderiam aumentar a oferta, resultou em uma queda nos preços da commodity, afetando a Petrobras e outras empresas do ramo. O PIB brasileiro, um dos principais indicadores de crescimento da economia, registrou um aumento de 1,4% no segundo trimestre de 2024 em comparação ao trimestre anterior, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse número superou a mediana das previsões de 80 instituições financeiras e consultorias, que esperavam um crescimento de apenas 0,9%. No entanto, as projeções variavam significativamente, com estimativas que iam de 0,4% a 1,5%.
Expectativas do Mercado e Inflação
Fabio Louzada, economista e fundador da Eu me banco, ressalta que, apesar dos dados positivos, eles não foram suficientes para manter o Ibovespa em alta, devido ao pessimismo internacional. ‘Os dados favoráveis do PIB levantam, por outro lado, uma preocupação quanto ao aquecimento da economia, o que pode resultar em inflação. Isso aumenta as chances de uma elevação na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom)’, afirma. Se o cenário esperado pelo mercado se concretizar, com a redução de juros nos Estados Unidos e aumento aqui, o dólar deve perder força em relação ao real, uma vez que a renda fixa brasileira se tornaria mais atraente.
Movimentação do Dólar e Expectativas de Juros
Entretanto, o câmbio ainda favorece o dólar, que completou sua sétima sessão de alta consecutiva, encerrando o dia cotado a R$ 5,64, com um avanço de 0,48%. No acumulado do ano, a moeda americana está 16,25% mais cara. Geralmente, o aumento das taxas de juros é um sinal negativo para o mercado. Porém, neste momento, uma possível alta da Selic é vista com bons olhos pelos grandes investidores. A expectativa é de que, se o Banco Central (BC) decidir elevar os juros agora, eles possam ser reduzidos novamente em breve. Com uma economia demonstrando força, os riscos associados à manutenção de taxas de juros elevadas diminuiriam.
Fonte: @ Valor Invest Globo
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