A Conferência Episcopal Portuguesa disse que indenizará financeiramente vítimas de abuso sexual infantil dentro da Igreja, com valores a serem definidos caso a caso. Uma abordagem criticada pelos grupos de sobreviventes.
A Igreja Católica de Portugal anunciou recentemente que vai oferecer compensações financeiras às vítimas de abuso sexual, ocorrido dentro do ambiente da Igreja. A decisão sobre os valores a serem pagos será feita individualmente, uma postura que tem recebido críticas de organizações de apoio a sobreviventes. O compromisso foi revelado durante uma reunião da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), realizada no Santuário de Fátima, região central do país, onde também estão sendo debatidas outras questões relacionadas ao tema do abuso sexual.
É fundamental que instituições religiosas e sociedade em geral estejam atentas à gravidade do abuso sexual infantil e atuem de forma efetiva para prevenir e lidar com casos já ocorridos. A transparência e a empatia são essenciais no enfrentamento do abuso de crianças, garantindo que as vítimas recebam o devido apoio e justiça. Combater o abuso sexual infantil exige uma postura firme e contínua, com ações concretas no sentido de proteger os mais vulneráveis e responsabilizar os agressores.
Abuso Sexual Infantil e a Conferência Episcopal Portuguesa
Em fevereiro de 2023, um relatório de uma comissão portuguesa financiada pela Igreja revelou um dado alarmante: pelo menos 4.815 menores foram vítimas de abuso sexual, muitos deles perpetrados por clérigos, ao longo de sete décadas. Essa triste realidade expôs a extensão do problema do abuso infantil dentro da instituição religiosa.
Os autores do relatório enfatizaram que esses números representam apenas a ponta do iceberg, indicando a gravidade da situação. Pedro Strecht, líder da comissão, destacou que mais de 100 padres suspeitos de abuso sexual de crianças ainda estavam ativos na Igreja, o que levanta sérias preocupações sobre a proteção dos menores. A revelação desses dados chocou a opinião pública e exigiu ação imediata.
Diante desse cenário, a Igreja anunciou medidas para lidar com a questão do abuso sexual infantil, porém, críticas surgiram em relação à falta de rigidez nessas ações. A pressão por uma resposta mais efetiva se intensificou, levando a debates sobre a necessidade de uma abordagem mais incisiva para enfrentar esse grave problema.
O bispo José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), mostrou-se comprometido em buscar soluções. Aprovou-se, por unanimidade, a concessão de indenizações às vítimas, com pedidos a serem recebidos entre junho e dezembro do mesmo ano. Até o momento, 21 pessoas já solicitaram compensação, e um comitê definirá os valores a serem concedidos, utilizando um fundo específico criado pela CEP para essa finalidade.
Os critérios para a definição dos valores estão em processo de elaboração, visando considerar a gravidade de cada caso. A transparência nesse processo é fundamental para garantir uma reparação justa às vítimas de abuso sexual. O cofundador do grupo de sobreviventes de abuso sexual da Igreja Coração Silenciado, António Grosso, expressou preocupações em relação à abordagem adotada pela CEP.
Grosso questionou a metodologia para avaliar o sofrimento das vítimas e defendeu uma postura mais proativa da CEP, sugerindo o contato direto com as vítimas em vez de aguardar suas solicitações. Para ele, a passividade não é o caminho adequado para lidar com essa questão sensível. A importância de tratar cada caso com empatia e justiça tornou-se evidente diante da gravidade do problema do abuso sexual infantil.
Os escândalos de abuso sexual que abalaram a Igreja Católica em diversos países, como Estados Unidos, Irlanda e França, ressaltam a urgência de mudanças estruturais e a implementação efetiva de políticas de proteção às crianças e de apoio às vítimas. A postura adotada pela Igreja em relação à indenização das vítimas em casos envolvendo padres falecidos também demonstra uma evolução na abordagem dessas situações delicadas.
Acompanhar de perto as medidas adotadas pela Igreja, em especial pela Conferência Episcopal Portuguesa, é fundamental para garantir que as vítimas de abuso sexual infantil sejam adequadamente amparadas e que a justiça seja efetivamente realizada. O diálogo contínuo e ações concretas são essenciais para promover um ambiente seguro e acolhedor para todas as crianças e adolescentes.
Fonte: © TNH1
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