Debates e entrevistas da Sabatinas da Rádio Eldorado ignoraram ou abordaram superficialmente questões da população com deficiência.
No Brasil, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral, já foram disputados comandos de Prefeituras por 166 pessoas que declararam ter deficiência. É necessário que os candidatos à Prefeituras tenham como prioridade a inclusão das pessoas com deficiência em suas propostas, considerando que essa população é afetada de forma mais intensa pelas questões de saúde e mobilidade.
A situação das pessoas com deficiência física e deficiência mental em muitos municípios do Brasil ainda é de grande preocupação. Além disso, ainda existe uma grande desigualdade no que diz respeito à inclusão dessas pessoas em todos os setores, como educação, trabalho, saúde, segurança, transporte e mobilidade. O percentual de deficiência intelectual também é um dado preocupante, pois muitas dessas pessoas não conseguem atuar no mercado de trabalho devido a uma falta de oportunidades e inclusão. Assim, é fundamental que os candidatos às Prefeituras apresentem propostas que visem a inclusão das pessoas com deficiência e que atendam às suas necessidades específicas, garantindo assim a igualdade de oportunidades para todos.
Tipos de Deficiência e a Realidade das Eleições Municipais no Brasil
Nas eleições municipais que ocorreram no último domingo, 27, ficou evidente que a existência da população com deficiência nas cidades permanece oculta, especialmente quando se trata do aprofundamento das propostas dos candidatos e das cobranças da sociedade, das instituições e da imprensa, referentes à disputa de vagas de vereador e prefeito. A deficiência é um tema que não foi abordado de forma aprofundada ou com seriedade nas eleições, o que é preocupante, pois a deficiência física, mental ou intelectual é uma realidade que afeta milhões de brasileiros.
Pode-se citar alguns itens específicos, como havia em planos de governo publicados, mas isso não é suficiente, pois, na maioria dos casos, as indicações eram poucas linhas com ações obrigatórias, mas sem detalhes ou compromissos claros. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral, 166 pessoas que declararam ter deficiência disputaram os comandos de Prefeituras, sendo 24 eleitas no primeiro turno e nenhuma no segundo turno. Além disso, 4.696 candidatos ao cargo de vereador declararam ter deficiência e, desse total, somente 388 foram eleitos, o que representa 8,27% de pessoas com deficiência eleitas nas câmaras municipais de alguns dos 5.570 municípios brasileiros (IBGE, julho/2024).
Nas sabatinas da Rádio Eldorado com os candidatos que disputaram a Prefeitura de São Paulo no primeiro turno, questões voltadas à situação da população com deficiência foram abordadas, feitas por mim a Tabata Amaral e Ricardo Nunes. No entanto, nas entrevistas e nos debates, de maneira geral, as pautas específicas do povo com deficiência foram esquecidas, mesmo quando perguntas ou respostas tratavam de diversidade, e os veículos de grande imprensa sequer abordam essa temática ou exigiram profundidade dos candidatos a respeito disso.
No segundo turno, na última semana antes da eleição que deu vitória ao atual prefeito na capital paulista, a coluna Vencer Limites no Jornal Eldorado pediu áudios de Boulos e Nunes com informações mais detalhadas sobre propostas para a educação inclusiva, pois o assunto era mencionado em apenas um parágrafo dos respectivos planos de governo. No entanto, as campanhas disseram que não havia tempo para essa gravação, o que é inacreditável, pois poderia ser feita dentro de um carro em movimento e enviada diretamente pelo WhatsApp.
Com isso, fica claro que a população com deficiência continua sendo marginalizada e ignorada pelas eleições e pela sociedade como um todo. Sendo assim, a pergunta que fica é: quando haverá tempo do prefeito para o povo com deficiência?
Fonte: @ Nos
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